11 de julho de 2010

Se Palmeiras liberar, Felipão aceita treinar seleção


Nos arredores de Johannesburgo, onde descansa ao lado da família Luiz Felipe Scolari não gostou do disse que disse que envolveu seu nome após a eliminação da seleção brasileira do Mundial da África do Sul e a consequente demissão de Dunga. Com seu jeitão curto e grosso, o pentacampeão do mundo deu a receita de como o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, deve agir caso deseje mesmo contratá-lo. "Terão de negociar com o Palmeiras. Não vou romper meu contrato. Se o clube me liberar, tudo bem", afirmou Felipão a alguns amigos, na última sexta-feira.

A princípio, fica a impressão de que Teixeira precisa de um gesto simples para definir o novo comandante da seleção brasileira. Mas a realidade não é bem assim. A relação entre CBF e Palmeiras esfriou em abril, durante a disputa pela presidência do Clube dos 13. Na oportunidade, o presidente alviverde, Luiz Gonzaga Belluzzo, não aceitou os galanteios de Teixeira, que buscava votos para Kléber Leite, e votou em Fábio Koff, desafeto declarado da cúpula da CBF.

Altos e baixos

A relação entre Teixeira e Felipão também nunca foi das mais próximas. O temperamento forte de ambos, reforçado pelo fato de Scolari não ser adepto de manuais de conduta, provocou incompatibilidade de gênios. A vitoriosa campanha na Copa do Mundo de 2002 facilitou o convívio na época.

No entanto, algumas rusgas permanecem. Isso ficou claro na África do Sul. Felipão foi convidado para o evento de lançamento da logomarca da Copa do Mundo do Brasil, realizado na quinta-feira, em Johannesburgo, com a presença de celebridades, entre elas os presidentes da Fifa, Joseph Blatter, e da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Scolari decidiu não ir. E, para ter um álibi e não sofrer pressão para comparecer ao evento, resolveu viajar com a família por cidades próximas. A ideia é voltar neste sábado à tarde ou no domingo pela manhã a Johannesburgo, onde comentará a final da Copa para um canal de TV sul-africano.

Exclusividade

Também desagradou a Felipão na última semana o fato de Teixeira ter deixado vazar para a imprensa que o salário do treinador no Palmeiras (R$ 700 mil) seria o dobro do que a CBF pagava para Dunga e de ter exigido exclusividade do treinador logo no início do trabalho. Scolari entende que não haveria problema em dividir atenções quatro anos antes da Copa. Além disso, a CBF já abriu precedente com Vanderlei Luxemburgo, que em 1998 acumulou a função no Corinthians e na seleção brasileira.

Felipão também ouviu de pessoas próximas que Teixeira estaria se sentindo pressionado pela opinião pública para contratá-lo. "Tivemos acesso a algumas pesquisas que mostram que a preferência dos torcedores pelo Felipe oscila entre 46% e 48%", revelou à Agência Estado um dos principais interlocutores de Scolari no Brasil. "É difícil para qualquer um não atender a esse apelo público. Criaria um desgaste de imagem muito forte."

A alternativa encontrada pela direção da CBF para evitar o confronto com a torcida, já impaciente depois da frustrante passagem da seleção pela África do Sul, seria criar empecilhos para o acerto com Felipão. A exigência de exclusividade é um deles.

Agenda

Scolari se apresenta ao Palmeiras no dia 15. Seu auxiliar técnico e homem de confiança, Flávio Teixeira, já trabalha na Academia de Futebol, onde prepara o terreno para a chegada do treinador.

Dirigentes ligados à presidência que estiveram nas tribunas do Palestra Itália durante o amistoso da última sexta-feira, contra o Boca Juniors, asseguraram que toda a montagem do grupo de jogadores para o segundo semestre é comandada por Scolari. Por isso, consideram improvável que a diretoria libere o treinador para assinar com a CBF. A reportagem da Agência Estado procurou neste sábado Belluzzo e o vice-presidente de futebol do Palmeiras, Gilberto Cipullo, para comentar a possibilidade de liberar Scolari. Nenhum deles respondeu às ligações.



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